A Amburana cearensis, popularmente conhecida como cumaru ou imburana-de-cheiro, é uma árvore nativa do bioma Caatinga e amplamente utilizada na medicina tradicional.
Mas o que a ciência tem revelado sobre os componentes medicinais dessa espécie?
Essa pergunta levou um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) a realizar uma análise detalhada da produção científica relacionada à A. cearensis, com o objetivo de investigar seu potencial farmacológico e a evolução dos estudos sobre essa espécie.
Crescimento das Publicações Científicas e Potencial Medicinal
Os pesquisadores identificaram um total de 86 artigos que abordavam o potencial medicinal da espécie, distribuídos em 57 periódicos publicados entre 2005 e 2023. O aumento significativo de publicações durante esse período reflete o interesse crescente em investigar as propriedades terapêuticas da A. cearensis.
Observou-se também uma tendência de viés geográfico, uma vez que a maioria dos estudos foi realizada por pesquisadores vinculados a instituições brasileiras, principalmente no Nordeste, onde a espécie é mais comum. Este fato reforça o interesse local em reconhecer o potencial biológico de sua flora regional.
Impacto e Sustentabilidade
O uso da Amburana cearensis na medicina tradicional é significativo, e sua aplicação no campo farmacológico continua a ser investigada. Com o aumento das pesquisas experimentais, especialmente em universidades brasileiras, os cientistas têm buscado desvendar os compostos bioativos que conferem à espécie suas propriedades terapêuticas.
No entanto, há um desafio a ser enfrentado: a necessidade de garantir que a exploração da espécie ocorra de maneira sustentável, uma vez que a A. cearensis enfrenta riscos de extinção devido à exploração intensiva e à destruição de habitats no bioma Caatinga.
"Além da investigação das propriedades químicas e farmacológicas, é crucial associar o manejo sustentável da espécie a essas pesquisas, para garantir a continuidade dos recursos naturais e os benefícios terapêuticos para as próximas gerações," afirma o professor Fábio Vieira, coordenador do estudo.
Próximos Passos
Segundo os pesquisadores, o potencial farmacológico da Amburana cearensis é inegável, mas seu futuro depende de uma pesquisa contínua e de esforços de conservação. Eles destacam ainda a necessidade de aprofundar as investigações sobre as propriedades medicinais e os metabólitos secundários produzidos pela A. cearensis. Por último, o estudo aponta a importância de desenvolver práticas de manejo sustentável que possam mitigar os riscos à sobrevivência da espécie.
Colaboradores
Este trabalho fez parte da dissertação de mestrado de Ayane Emília Dantas dos Santos, no Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais (PPGCFL) da UFRN, orientada pelo professor Fábio de Almeida Vieira, com apoio financeiro da CAPES. O estudo também contou com a colaboração de Cristiane Gouvêa Fajardo, que foi bolsista do Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD) da CAPES/PPGCFL e Vivian Raquel Bezerra de Sousa (bolsista de iniciação científica do CNPq).
Artigo completo disponível abaixo:
Ayane Emília Dantas dos Santos, Cristiane Gouvêa Fajardo, Vivian Raquel Bezerra de Sousa, Fábio de Almeida Vieira, "Exploring the Therapeutic Potential of Amburana cearensis: A Scientometric Study on an Endangered Medicinal Tree", International Journal of Forestry Research, vol. 2024, Article ID 1699607, 13 pages, 2024. https://doi.org/10.1155/2024/1699607
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